Ao proclamar o jubileu ordinário de 2025 o Papa Francisco nos diz que “a esperança é também a mensagem central” (n.1) do jubileu.
Peregrinos de esperança. Não só peregrinos, mas peregrinos de esperança.
Peregrinos: esta é nossa condição neste mundo. Peregrinamos em direção ao nosso próprio crescimento humano rumo à maturidade. Nas diferenças e nas intensidades peculiares a cada um de nós - peregrinamos entre conflitos e paz, entre luz e trevas, entre alegrias e dores, entre silêncio e muitos barulhos, entre acertos e erros, entre dúvidas e temores, entre revoltas e calmarias, entre rebeldias e sossegos, entre ciúmes e amor, entre poder e serviço, entre contentamentos e descontentamentos, numa luta subjacente, silenciosa, interesseira e incansável de se ter prestígios. Deixamos nos envolver numa pretensa segurança de que é preciso ter sucessos e, aí, vem o estresse, o cansaço, o desânimo. Lutamos muito pelo que se encontra fora de nós, esquecendo de nós mesmos. Peregrinos para o Amor, esta é nossa vocação. Todos/as caminhamos rumo ao coração de Deus. Nossa casa de origem e nossa casa de retorno. Lá nos encontraremos e contemplaremos, em plenitude, o que tanto desejamos através da nossa humanidade, da nossa fé e da nossa esperança.
São Paulo nos incentiva a sermos alegres na esperança (Rm 12). A alegria é uma característica muito forte daqueles que compreendem que viver é uma arte. A alegria não vem porque decidimos ser alegres. A alegria vem porque compreendo e acolho que sou amado incondicionalmente por Deus. Diante desse tão grande amor - os meus medos internos, são eles que nos tiram a alegria, por exemplo: medo de não ser amado, de não ser aceito, de não ser valorizado, de ser descartado não têm mais lugar em mim. Então, alegria é a Arte do bem viver e do bem conviver.
Santo Agostinho em um de seus sermões diz que o “apóstolo Paulo manda que nos alegremos, mas no Senhor, não no mundo. Pois afirma a Escritura: A amizade com o mundo é inimizade com Deus (Tg 4,4). Assim como um homem não pode servir a dois senhores, da mesma forma ninguém pode alegrar-se ao mesmo tempo no mundo e no Senhor.
Vença, portanto, a alegria no Senhor, até que termine a alegria no mundo. Cresça sempre a alegria no Senhor; a alegria no mudo diminua até acabar totalmente. Não se quer dizer com isso que não devamos alegrar-nos, enquanto estamos neste mundo; mas que, mesmo vivendo nele, já nos alegremos no Senhor.
No entanto, pode alguém observar: Eu estou no mundo; então, se me alegro, alegro -me onde estou. E daí? Por estares no mundo, nas estás no Senhor? Escuta o mesmo Apóstolo, que falando aos atenienses, nos Atos dos Apóstolos, dizia a respeito de Deus e do Senhor, nosso Criador: Nele vivemos, nos movemos e existimos (At 17,28). Ora, quem está em toda parte, onde é que não está? Não foi para isto que fomos advertidos? O Senhor está próximo! Não se inquieteis com coisa alguma (Fl 4,5-6)”.
(Sermo 171,1-3.5: PL 38,933-935).
Nesta mesma bula o Papa diz “que pôr-se a caminho é típico de quem anda à procura do sentido da vida” (n.5). Nós, como Igreja Diocesana, viemos em caminhada da Matriz Nossa Senhora do Rosário até a Catedral que é a Mãe de todas as Igrejas Diocesana. Diz-nos o Papa Francisco: “a peregrinação desde a igreja escolhida para a concentração até a catedral, seja sinal do caminho de esperança que, iluminado pela Palavra de Deus, une os fiéis” (n.6). A presença de nós aqui nesta Catedral, vindos das 32 paróquias desta diocese, é o mais forte sinal da nossa unidade. Não é simplesmente uma presença física, é presença de uma Igreja Sinodal e em saída.
Sinais de esperança e comunhão desta Igreja diocesana de Jataí:
- Nosso retiro anual, todas as pastorais e movimentos, os encontros mensais do clero, o incentivo as atividades da CRB diocesana, as duas reuniões pastorais anuais (RPD), O caminho da transparência ampliada, esforço continuado para a unidade entre as comunidades e as pastorais, a formação permanente, a criação de três novas paróquias, a valorização da catequese diocesana, o aumento das/os catequistas e catequizandos e formação para catequistas, a chegada de 3 congregações religiosas masculinas e uma feminina, a forte presença dos jovens, o aumento dos/as coroinhas nas paróquias e comunidades, o aumento dos vocacionados para o seminário, a abertura da escola para a formação dos diáconos permanentes, a ordenação de dois diáconos transitórios, da construção e/ou reforma de novas igrejas, capelas, casas paroquiais, esforço para inclusão das periferias de nossas cidades, as três rádios diocesanas agora são FM,
Sinais de esperança que brotam da consciência do cuidado diário e ininterrupto que devemos ter no peregrinar evangelizador:
- A necessidade de mais paróquias em cidades maiores, o atendimento aos migrantes, estruturação da pastoral universitária, presença da igreja nos condomínios habitacionais, a reforma do centro de pastoral João XXIII, outras pastorais: saúde, criança, jovens, pessoa idosa,
A esperança é uma realidade dinâmica, ela nos impulsiona a buscar sempre, nos anima nos momentos de dificuldades, nos acalenta quando o chão parece escapar de nossos pés, faz-nos olhar sempre para a frente como a nos dizer: “vá, tenha coragem, não desanimeis”. O catecismo da Igreja Católica afirma que “a virtude da esperança responde à aspiração de felicidade colocada por Deus no coração do homem. Assume as esperanças que inspiram as atividades dos homens; as purifica, para ordená-las ao reino dos céus” (catecismo n.1818).
Na mesma bula o Papa Francisco diz que a “esperança encontra, na Mãe de Deus, a sua testemunha mais elevada. Nela vemos como a esperança não é um efêmero otimismo, mas dom de graça no realismo da vida” (Bula n.24).
Assim, também nós, possamos neste ano jubilar usufruir de todos os dons e graças que podemos alcançar com nossas peregrinações, participando das celebrações. Nossas paróquias vão providenciar, ao longo deste ano jubilar vários momentos importantes e criar mais oportunidades de confissões, adoração ao Santíssimo, reflexões sobre o ano santo, celebrações penitenciar etc. Serão concedidas indulgências plenárias durante o ano Santo, vejam, em suas paróquias, as condições necessárias alcançar esse bem precioso de nossa espiritualidade e de nossa fé.
Nosso ano santo encerrará no dia 28 de dezembro de 2025, com uma solene missa de ação de graças.
Agradeço a presença de vocês aqui nesta catedral. E com essa solene Eucaristia damos início ao nosso ano jubilar. Procuremos ser sinais de esperança por todos os lugares por onde passarmos. E um destes sinais é a misericórdia. Que Jesus, o Filho amado do Pai, nos abençoe.
Dom Joaquim Carlos Carvalho, OSB
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